Safra 2022/2023: RS e SC apresentam melhora na produtividade
Dentre os fatores que mantiveram a medida de toneladas por hectare satisfatória estão as boas práticas de manejo agrícola e a adoção de novas tecnologias
Dentre os fatores que mantiveram a medida de toneladas por hectare satisfatória estão as boas práticas de manejo agrícola e a adoção de novas tecnologias
As estimativas da colheita de arroz na safra 2022/2023 estavam pessimistas. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção brasileira do grão desceria de patamar, sendo a menor desde 1998, quando foi de 7,7 milhões de toneladas (previsão de março deste ano, do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola). Também a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) pontuou, no 10º levantamento de grãos divulgado mês passado, que o arroz e alguns cultivos de inverno, como aveia, centeio e trigo, teriam redução no volume produzido, em comparação com a safra anterior.
E vale lembrar que especialmente o Rio Grande do Sul - o maior produtor e exportador de arroz do Brasil - passou por uma forte estiagem, uma condição climática desfavorável e que é inerente à atividade, afetando diretamente a lavoura arrozeira. Contudo, dados preliminares dos principais estados produtores do país mostram um cenário timidamente positivo.
Segundo o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), em anúncio feito no final de julho, a produção do Rio Grande do Sul foi de 7,2 milhões de toneladas e a produtividade de 8,79 t/ha. O destaque foi a segunda maior produtividade já alcançada pelo arroz gaúcho, superada apenas pela safra 2020/2021 - que atingiu 9,01 t/ha.
“Em uma análise inicial, o resultado é mesmo abaixo do esperado, em termos de volume de produção. Porém, é importante destacar a alta produtividade que o arroz gaúcho apresentou. Os índices das últimas safras são excelentes, assim como a dessa, e estão diretamente ligados à profissionalização dos pequenos e médios agricultores, bem como da mão de obra familiar. A atividade agrícola vive um processo de tecnificação das práticas de manejo, principalmente de pragas, doenças e adubação”, explica Cristiane Delic, líder de marketing para o portfólio de arroz e biológicos da Corteva Agriscience.
Depois do arroz gaúcho, os maiores produtores brasileiros de rizicultura são Santa Catarina, Tocantins e Mato Grosso. E os números catarinenses também são positivos, com produção de 1,2 mil toneladas e produtividade de 8,1 mil kg/ha. Santa Catarina ainda se destacou como polo de produção de arroz, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e do Observatório FIESC, responsável por 13% da produção nacional e de 12% da área plantada. De novo, a produtividade é o destaque, sendo 1,20% maior em relação à safra 2021/2022.
O aumento na produtividade que ambos os estados do sul apresentaram é reflexo de um conjunto de fatores e de estratégias dos produtores. A tecnologia ganha cada vez mais espaço no cultivo agrícola, e a cada ano se amplificam as boas práticas. O manejo adequado, contemplando todo o processo do início ao fim, atento às vulnerabilidades da rizicultura, também se aprimora e se adapta à realidade de cada região produtora. E os dados preliminares ainda indicam que a rotação de culturas se mostra relevante.
No mesmo anúncio, o Instituto Rio Grandense do Arroz divulgou dados sobre soja e milho em áreas de arroz. Nesta safra, a soja atingiu 506 mil hectares de produção, a maior marca já registrada em 14 anos de levantamento. A produtividade ficou em 2,58 toneladas por hectare no RS. Um resultado assim comprova como a alternância de culturas funciona, sendo uma técnica agrícola relativamente nova para os pequenos e médios produtores, que deve ser feita de maneira ordenada e planejada. Desenvolver a alternância do cultivo em uma mesma área agrícola se mostrou eficaz na conservação e na diminuição da exaustão do solo, e pode ser o caminho para retomar o volume da próxima safra de arroz.
Você sabia? - O Brasil está em nono lugar no cenário mundial, com uma produção correspondente a 1,5%, segundo a Embrapa.