Produtores de arroz aumentam sua rentabilidade realizando rotação de cultura com soja

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Imagem de mão segurando uma panícula de arroz saudavél, ao lado um selo com o desenho de um produtor nas cores predominantes azul e verde. Abaixo está escrito "Produtor na Real".

Considerada uma boa prática, a rotação de culturas contribui para a conservação do solo e para o controle de plantas daninhas e pragas, bem como faz parte do sistema de plantio direto. Diferente da monocultura e da sucessão de culturas, a rotação é a alternância, de forma ordenada, do cultivo de diferentes espécies vegetais na mesma área, em um tempo determinado e em um mesmo período do ano. Mais do que conservar e proteger o solo, a prática é importante para a sustentabilidade do agronegócio. No caso do arroz, a rotação com soja tem se tornado cada vez mais comum, já que a soja tem menor custo, se comparada ao arroz, e pode ter maior rentabilidade.

Para o consultor e produtor Valmar Cardoso Junior, que atua e possui propriedade e parcerias de produção na Planície Costeira Externa do Rio Grande do Sul, o menor custo operacional e os ganhos diretos e indiretos encorajaram os produtores de arroz a plantar soja. “A irrigação é um fator que está crescendo e fazendo essa movimentação. Para a rotação, é preciso fazer ajustes e adaptações no sistema e alguns investimentos, mas vale a pena, porque o risco da atividade diminui e a infraestrutura de irrigação já existente viabiliza essa operação. A rotação não beneficia apenas o arroz, mas também faz a soja estabilizar a produtividade e o negócio crescer”, afirma.

Valmar observa que a migração para a rotação do arroz com a soja é uma situação que se intensificou para viabilizar as lavouras. Por isso, o Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA), com foco em melhorar a orizicultura, pesquisou cultivares e o manejo de soja para entender melhor o processo. “Além de ser uma alternativa rentável, a rotação proporciona benefícios como melhor controle das plantas daninhas e melhora do solo. As doenças de solo que afetam a soja são minimizadas na lavoura de arroz e vice-versa”, comenta.

Outro ponto positivo em relação ao solo, segundo Valmar, é que a cultura de soja precisa da calagem, uma etapa de preparo que melhora o perfil da terra, possibilitando que a reciclagem de nutrientes ocorra neste novo ambiente. Os benefícios da calagem se refletem no plantio do arroz, que tem seu potencial de produtividade aumentado. “A correção do solo é o grande avanço que a soja trouxe para o arroz, sem contar que a soja também requer mais adubação, beneficiando ambas as culturas”, destaca.

Controle de plantas daninhas

O produtor ressalta que a rotação de culturas de arroz e soja é um “casamento perfeito” no controle das plantas daninhas, especialmente no caso do arroz vermelho, um dos grandes desafios de quem cultiva arroz. “A rotação de herbicidas é eficaz para superar a resistência das invasoras, pois alterna os mecanismos. O que é resistente em uma lavoura, você controla na outra, por isso a rotação do mecanismo de ação é o ponto principal e é a estratégia recomendada internacionalmente, pois o nível de resistência cai drasticamente”, destaca.

Rentabilidade

Dentre as vantagens da rotação de culturas está o aumento nos ganhos da produção de arroz e a rentabilidade na venda da soja. “A lavoura é mais rentável e a soja tem um terço do custo de produção do arroz, que tem uma rentabilidade baixa, mas é uma cultura irrigada mais segura para quem planta, pois tem risco menor. A margem sobre o custo do arroz é menor, pelo cereal fazer parte da cesta básica, enquanto a soja, com boa produtividade e nos preços atuais, resulta em uma margem bem maior. O ideal é pensar em um sistema de, pelo menos, dois anos para ter rentabilidade, pois a soja vai contribuir com o arroz lá na frente”, explica.

Segundo Valmar, ainda não existem dados consolidados, entretanto, a rotação de arroz com soja tem crescido, e cada propriedade vai encontrar o sistema de produção ideal para ocupar a terra com mais eficiência. “A soja é a melhor alternativa no momento, justamente pela questão do sistema de produção e comercial, pois as trades estão mais adaptadas para cultura de várzea”, considera. O produtor comenta ainda que o milho, apesar de ser uma cultura mais sensível ao ambiente de várzea, pode ser uma ferramenta para agregar na rotação. Dessa forma, a soja, o milho e o arroz formam um sistema de produção muito consistente, com rentabilidade. “Não tenho dúvida de que vamos evoluir e enriquecer muito a nossa região”, observa.

Valmar também conta que planta arroz e soja em sua propriedade, com crescimento e consolidação nos últimos dois anos da rotação, e no futuro pretende entrar com milho e irrigação. “Foi vantajoso adotar a rotação e, sem dúvida, esse sistema vai crescer. Inclusive, a soja vai crescer em muitas áreas que são campo nativo. E na várzea tende a crescer quando tiver irrigação, estrutura e tecnologia escalável”, conclui.

 

Desafios

Um dos principais desafios para os produtores de arroz fazerem a rotação com a cultura de soja está relacionado às áreas de várzea. Normalmente, os solos destinados ao cultivo de arroz irrigado não são bem drenados, o que exige cuidados com:

- pH do solo. É preciso fazer a correção da acidez por meio da calagem e da adubação para favorecer a fertilidade;

- adequar a infraestrutura da propriedade;

- macro e microdrenagem da área escolhida, redimensionamento de drenos e bueiros, além da descompactação do solo;

- adequação da fertilidade;

- época de semeadura.

Mesmo em terras altas, a rotação exige preparo do sistema para receber as culturas devido às suas necessidades distintas. Independentemente do ambiente, os cultivos de arroz e soja necessitam que o produtor tenha conhecimento dos custos de produção, assistência técnica e faça um planejamento detalhado para que cada atividade seja realizada no tempo e da maneira correta, seguindo o manejo correto e as boas práticas agrícolas