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Semeadura e seus Impactos Agronômicos

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Necessitamos ampliar nossa visão sobre o processo de semeadura e estabelecimento da cultura. Uniformidade de distribuição longitudinal, coeficiente de variação (CV), desvio padrão, distribuição horizontal, todos se referem à qualidade de plantio. A interação máquina x semente, na verdade é apenas uma parte do processo onde objetivo real é a germinação e emergência uniformes, resultando em plantas uniformes e produtivas. O estabelecimento do stand de plantas se inicia com o processo de semeadura, estendendo-se até atingirem seis folhas (V6). Estágio em que a planta apresenta o sistema de raízes nodais bem desenvolvido, capaz de nutrir e fixá-la ao solo. A irregularidade de distribuição das plantas, além de comprometer o bom estabelecimento do stand de plantas, afeta a produção de cada planta.

O impacto agronômico da operação tem como resultado a população final de plantas, em número adequado para o híbrido e época com uniformidade de distribuição e tempo de emergência. A partir disto, temos definido o primeiro componente de rendimento do milho, ou seja, plantas por área (hectare). Solos bem corrigid corrigidos, friáveis e com boa estrutura facilitam a semeadura e propiciam melhor ambiente a semente e plantas. Mas isto requer anos de manejo e correção.

Os benefícios das plantas de coberturas de solo são inúmeros, mas temos desafios quanto ao tipo de plantas e/ou combinações, volume da massa e o momento da dessecação. 

Na safra, a construção das condições adequadas pa adequadas para a planta, se inicia com o correto manejo da cobertura do solo, com a dessecação de, no mínimo, 30 dias antes do plantio, tempo necessário para a secagem das plantas, favorecendo o corte e evitando-se problemas alelopáticos à cultura. Além da dessecação, recomenda-se a rolagem para “deitar” o material, colocando-o em contato com o solo favorecendo o início do processo de decomposição e evitando-se embuchamentos, encestamentos e exposição de sementes. Além disto, o correto manejo da cobertura favorece o deslocamento da semeadora, resultando na formação do leito (“seed bed”) adequado para a deposição da semente e na profundidade recomendada.

Verificação dos equipamentos:

 

É recomendável fazer um check-list na semeadora antes do início da safra:

Pressão e condição dos pneus

• Lubrificação dos conjuntos móveis (correias, engrenagens)

• Condição de mangueiras hidráulicas e conectores

• Pressão e condição das molas

• Disco de corte e ponteiras das hastes (desgaste e substituição)

• Tubos condutores (adubo e semente)

• Mecanismos dosadores de adubo (rosca) e sementes (rosetas, discos, anéis, raspador)

Sistemas pneumáticos (condição e obstruções das mangueiras de ar e óleo, nível do óleo*, condição dos discos e vedações, condição da caixa central)

Fios, rabichos e conectores elétricos.

Semeadoras e velocidade de operação

As semeadoras atuais possuem muita tecnologia embarcada, que trouxeram benefícios e oportunidades inimagináveis. No entanto, as funções básicas pouco foram alteradas, precisa cortar a palha, abrir o sulco, distribuir o adubo, preparar o leito da semente, depositar a semente, fechar sulco e acomodar o solo na linha. Especialmente nas áreas mais frias, para o cultivo do milho verão, durante a construção do sulco ocorre uma “micro lavragem” o que ajuda a expor o solo ao sol, elevando a temperatura e, assim, atender a condição ideal de germinação e emergência (>10ºC). Por outro lado, devemos ter cuidado com o risco de erosão em áreas de maior declividade, pouca cobertura de solo ou sentido de plantio (em nível). Diante das várias funções que a semeadora executa, é crucial que a velocidade de semeadura empregada seja condizente com máquina, tipo de solo, palhada e umidade.

 

Trabalhos desenvolvidos pela Corteva Agriscience têm demonstrado que, mesmo com sistemas pneumáticos, velocidades acima de 5 a 6 km/h resultaram no aumento da irregularidade de distribuição, perdas de plantas devido a maior exposição das sementes e, por final, perdas de rendimento.

Profundidade de plantio

Houve grande evolução no quesito distribuição de sementes nas últimas safras. Mas, se observa em muitas situações, uma desuniformidade de porte de plantas ou com sérios problemas de fixação ao solo (plantas “frouxas”). A maioria destes deve-se a uma profundidade de plantio inadequada (ideal de 5 a 6 cm) e a formação de bolsões de ar envolvendo a semente, normalmente devido a torrões de solo (alta umidade no plantio) ou má acomodação do solo sobre a semente. O volume e qualidade de distribuição da palhada sobre o solo, tende a interferir na profundidade de deposição da semente pois interfere na ação das rodas limitadoras de profundidade. O atraso na emergência resulta em redução do potencial de rendimento da planta, pois esta é “suprimida” pelas plantas vizinhas. Plantas com 7 a 10 dias de atraso tiveram uma redução de até 44% no número de grãos por espigas e 10% no PMG (Corteva, 2019). Na maioria das Na maioria das regiões do Brasil é comum a prática de semear e adubar na mesma operação. O adubo deve ser depositado 5 cm abaixo da profundidade da semente, evitando-se o problema de salinização do sulco de semeadura.

Distribuição de plantas e produtividade
Distribuição de plantas e produtividade

Recobrimento da semente

Após a deposição da semente no leito (“seed bed”), deve-se realizar o correto “sepultamento” dela. Isto é realizado através das rodas compactadoras, que devem exercer uma pressão e direção controladas para o adequado contato solo x semente. Evitando-se a formação de bolsões de ar, melhorando a uniformidade de germinação e emergência. 

AUTORES: José Carlos Madaloz e Robson Fernando de Paula