Com o advento do Sistema Plantio Direto (SPD) na região dos Cerrados, a dessecação pré-plantio na cultura da soja se torna a mais importante prática de manejo de plantas daninhas. A disseminação de sementes e a fácil adaptação às regiões favoreceram e trouxeram complicações para o manejo tradicional.
Até então plantas como Corda de Viola (Ipomoea sp), Buva (Conyza sp), Capim amargoso (Digitaria insularis), Trapoeraba (Commelina sp) e Leiteiro (Euphorbia heterophylla) se apresentavam em várias áreas mas com baixa intensidade. Outras plantas daninhas, Vassourinha de Botão (Spermacoce verticilatta), Erva de Touro (Tridax procumbens) e Caruru (Amaranthus sp) se aproveitaram da baixa eficácia de alguns grupos químicos de herbicidas para se difundirem e ganharem relevância nos cultivos de soja. Algumas plantas daninhas preferem solos mais corrigidos e férteis e se adaptam muito bem em áreas com drenagem deficiente. A Trapoeraba (Commelina sp) tem registro de quatro espécies na região dos Cerrados. O controle inicial é oneroso, os herbicidas utilizados têm baixa eficácia de controle se usados isoladamente, sendo primordial a associação de mais de um grupo químico para o controle eficaz.
“A dessecação pré-plantio na cultura da soja se torna a mais importante prática de manejo de plantas.”
Para a Buva (Conyza sp) há registros de três espécies presente nos Cerrados e seu controle implica associação de grupos químicos de herbicidas, uma vez que há registros de múltipla resistência a herbicidas. A biologia desta planta daninha é a sua maior aliada conferindo alta camada cerosa em ambien em ambiente de estresse que protege a planta da entrada de compostos herbicidas.
O Caruru (Amaranthus spp) é uma planta nativa dos Andes e se adaptou muito bem na região dos Cerrados, atualmente temos seis espécies no Brasil. Planta muito exigente, e sua biologia contribui para sua disseminação, pois há enorme quantidade de sementes viáveis/ano quando as plantas não são controladas adequadamente. É defendido que o manejo desta espécie requer efetuar dessecação pré-plantio antecipadamente associando herbicidas pré-emergentes.
O Capim amargoso (Digitaria insularis) é a planta daninha mais estudada nos Cerrados. A planta se adaptou rapidamente e ganhou A plan importância à medida que a eficácia do herbicida Glifosato foi diminuindo. RIZZARDI et al (2017) definem que o Capim amargoso tem potencial para se tornar a principal planta daninha dos Cerrados. A dificuldade de controle, poucos graminicidas com alta eficácia, erros de manejo e a biologia da planta contribuíram para sua expansão nos Cerrados.
Perdas decorrentes de plantio sobre plantas daninhas não dessecadas.
É prática em algumas regiões, dada a dificuldade de clima e ausência de umidade em meados de setembro, o plantio na palhada de milho oriundas da segunda safra. Em áreas pontuais da propriedade é possível esta prática sem a dessecação. No entanto, vários pesquisadores (RIZZARDI et al, CONSTANTIN et al, OSIPE et al, ADEGAS et al) são bastante claros quanto a dessecação antecipada para plantio de soja e afirmam: “Há perdas iniciais decorrentes da não realização da dessecação pré-plantio”. A reali cultura da soja necessita do arranque inicial até o V2 a permanecer “no limpo”. Diversos autores relatam que em determinadas cultivares de soja a pressão de plantas daninhas nas fases iniciais da cultura podem acarretar perdas de até 12% da produtividade, pois há competição inicial por luz, água e nutrientes.
Boas práticas de manejo pré-plantio:
As condições de falta de umidade e plantas daninhas estressadas em meados de setembro dificultam a tomada de decisões do produtor. Entretanto, o mapeamento herbológico nos talhões, escolha de herbicidas com baixo residual no solo e com eficácia, aliado a boas práticas de tecnologia de aplicação são fatores que garantem o sucesso na implantação da lavoura.
AUTOR: Laurício Ribeiro de Moraes, Engenheiro Agrônomo, Especialista em Fertilidade do solo – UFLA, Especialista em Fitotecnia – Iphytus, Mestre em Produção Vegetal – UniRV e Doutorando em Agronomia – UFG (2021)
REFERÊNCIA: ALTMANN, N; Plantio Direto no cerrado 2ª edição, 2010 | KISSMANN, K,G; GROTH, D; Plantas Daninhas Infestantes e nocivas, 2ª edição, 2000
Este artigo possui informações agronômicas da Corteva Agriscience e destinado a produtores agrícolas.