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Um jardim de flores

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Luiz Carlos Corrêa Carvalho

                                          Entre as prendas com que a natureza
Alegrou este mundo onde há tanta tristeza
A beleza das flores realça em primeiro lugar

“Rancho das flores”, de Vinicius de Moraes 

A visão do poeta ao olhar um canavial todo florido, com flechas entre brancas e arroxadas, cinzas e prateadas, sedosas, é a de um rompante igual ao de Vinicius de Moraes. A visão do melhorista, lutando para produzir novas variedades de cana que, se possível, não floresçam, é o contraste da tecnologia versus a natureza, que criou o vegetal para que se perpetuasse. A semente, nas flores, é o símbolo da continuidade da vida para uns, ou o retrato das perdas econômicas para outros!

Imagem decorativa

Nessa realidade canavieira, as variáveis que estão na mesa para o restante da Safra 2023/24 estão relacionadas ao clima (El Niño alcançaria o Paraná, São Paulo e o Centro-Oeste?) e aos impactos do florescimento em interação com o clima.

A safra segue firme, acelerada, com um mix no limite da oferta de açúcar que mantém preços acima de US$ 24 c/lb (n. 11, NY). O petróleo desenha preços acima de US$ 80/barril (Brent) e, em teoria, daria suporte ao etanol. Mas o que se passa? Primeiro, o governo Bolsonaro travou o mercado de hidratado com a redução forçada dos preços da gasolina e do diesel no ano eleitoral de 2022; segundo, aquele governo definiu a volta dos impostos aos combustíveis já em 1/1/2023, mas o novo governo Lula sustentou até junho-julho/2023 esse mecanismo perverso, que enfraqueceu o mercado de etanol. Despencam os preços a partir de junho/2022 e o hidratado veio perdendo, preço e mercado, até julho/2023!

Aos produtores, que de fato colheram até julho/2023 um canavial mais jovem em comparação às safras anteriores, fica a expectativa de qual será a capacidade de reação dessas plantas com a chegada da primavera. Serão chuvas antecipadas? O que dizem os analistas do clima? O que se pode fazer? Os analistas do clima preveem, após um mês de julho seco, também a lógica de um agosto sem umidade, mas ainda não enxergam ou antecipam a primavera.

Espera-se que o último terço da safra, com socas mais velhas e poucas canas de 12 meses, com chuvas, possa trazer queda na qualidade das canas colhidas. O que esperar? Quais canas deixar para trás ou para a frente (cana bis), caso de fato o último terço seja assim complicado?

O acompanhamento dos canaviais requer atenção redobrada para esse período, quando o uso de maturadores será muito importante.

Uma lembrança sempre útil: nosso cuidado com a colheita das canas caso as chuvas voltem com força, para não repetir um passado recente, com pisoteio e arranquio de rizomas. O canavial está todo embranquecido ou prateado, mas é melhor colhê-lo logo.