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Retomando o caminho

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Luiz Carlos Corrêa Carvalho

                                           "A persistência é o caminho do êxito."

Charles Chaplin

O atalho tentado no caminho da produtividade canavieira, com ganhos exponenciais, só acontecerá com rupturas tecnológicas de grande expressão. É raro e suspeito se pensar em rápida evolução, pois as ações no setor normalmente acontecem passo a passo. O contrário disso, ou seja, perdas em caminhos mal sinalizados, com um percurso de secas, geadas e incêndios, em três anos seguidos, é certeza de grave retrocesso, com sequelas dificilmente mensuráveis. Não se trata de escolhas, mas de acontecimentos climáticos inesperados e suas consequências, impondo perdas pesadas ao produtor canavieiro. Na Safra 2021/22, foram produzidas 67 toneladas de cana por hectare no Centro-Sul, e no final do verão de 2022 havia um temor generalizado de nova safra negativa. Isso não aconteceu. Afinal, não há mal que sempre dure! As chuvas antecipadas no inverno e primavera de 2022 sustentaram a produtividade da cana que não fez a “curva de sino” tradicional. Foi uma leve queda, que entregou 73 toneladas de cana por hectare na média da Safra 2022/23.

A retomada do caminho da produtividade canavieira tem direta relação com o capital empregado para o uso da tecnologia adequada, permitindo condições à planta de mostrar o seu potencial produtivo e protegendo-a dos chamados agentes redutores de produção. Mas é claro que, com a condição climática favorável, a recuperação é mais rápida.

Imagem decorativa

O verão de 2023, após primavera positiva ao crescimento do canavial, foi magnífico, e esverdeou com folhas e perfilhos em abundância, um estande favorável de plantas para colheita em março/23. As chuvas insistiram no mês e a Safra 2023/24 atrasou. Duas consequências: ponteiros muito grandes e colmos com potencial para reduzi-los, vem acontecendo; outra importante aconteceu entre fevereiro e março com o uso de inibidores de flor pois as condições de florescimento foram dadas ao canavial a ser colhido.

Por outro lado, foi intensificada a luta química e biológica contra plantas daninhas e pragas (principalmente a broca e o sphenophorus), e continuará sendo intensa. Também é fundamental o uso de fertilizantes e bioestimulantes, estimulando a biodinâmica dos solos. Resultado? Voltamos ao caminho das 80 toneladas de cana por hectare já na Safra 2023/24!

Análise recente dos agentes financeiros indicam importante redução do endividamento setorial, confirmando o bom momento dos preços nos mercados de açúcar e do etanol, que somente não foi melhor em 2022 face à negativa intervenção do governo federal nos preços dos combustíveis, visando as eleições de outubro/22.

O aprendizado é claro: é preciso investir nas melhores tecnologias, nos melhores produtos. O canavial responde!

Na Safra 2023/24, estaremos, no Centro-Sul, lambendo as 600 milhões de toneladas de cana e, no Nordeste, potencial para mais de 55 milhões de toneladas de cana. É o retorno da capacidade instalada sendo usada, o que reclama novos investimentos para as metas do RenovaBio.

Um novo momento, quando os estoques de petróleo são baixos e os do açúcar também. Mesmo com um crescimento mais baixo da economia global, para açúcar e etanol a demanda é crescente e muito favorável já para a Safra 2023/24, que se inicia, e para a de 2024/25, que, de alguma forma, já está desenhada.

É tempo de investir. Afinal, produtividade é tudo! Teremos uma safra com os riscos do El Niño no 2º semestre de 2023, com chuvas e paradas de indústria recomendando um manejo adequado da cultura da cana-de-açúcar, com sustentabilidade, para um balanço global de oferta e demanda “apertado” dos seus produtos, mas com regulamentações governamentais que sempre nos preocupam.