Manejo eficiente da broca da cana-de-açúcar
Luiz Carlos Corrêa Carvalho
“Passado, se fosse bom, era presente”
Clarice Lispector
Luiz Carlos Corrêa Carvalho
“Passado, se fosse bom, era presente”
Clarice Lispector
A Safra 2023/24 recém-iniciada no Centro-Sul acompanha o sucesso da 2022/23 nordestina. Há, de fato, um grande potencial de recuperação sobre safras anteriores. Espera-se um canavial de produtividade média de 80 toneladas de cana por hectare! Que saudade! Que alegria!
Tempo de celebrar, mas, ao mesmo tempo, de se preocupar com os agentes que diminuem a produtividade. Além das falhas ainda existentes nas socas mais velhas, de um florescimento que surge com força, pragas e doenças são sempre um risco elevado. Após 3 safras secas, a umidade da 2023/24 desperta a broca e, com ela, doenças oportunistas, que retiram a força das raízes, e acelera a ação dos nematoides.
O setor canavieiro tem investido em novas tecnologias para o aumento da produtividade agrícola, do teor de sacarose e da longevidade, de modo sustentável e com redução de custos. Essas tecnologias terão seu resultado potencializados desde que, simultaneamente à proteção do cultivo, também se realize, de modo integrado e sustentável, a proteção da cana-de-açúcar contra as principais pragas, doenças e plantas daninhas.
Uma das pragas defletoras da produtividade no campo e na indústria é a broca da cana-de-açúcar (Diatraea sacharalis). Em um passado relativamente recente, o controle era realizado apenas pelo método biológico (com relativo sucesso); com o lançamento de modernos inseticidas químicos e fisiológicos, seletivos, houve uma evolução significativa no controle dessa praga, pois a área cultivada mostrou um aumento expressivo. Atualmente, o setor utiliza muito bem o controle integrado, manejando inseticidas químicos, biológicos, variedades e outras práticas culturais.
Outra praga de solo importante, que reduz a produtividade agrícola, mas seus sintomas não são tão definidos como os da broca ou do Sphenophorus levis, ainda não se encontrava no mesmo patamar de controle das outras duas pragas: trata-se dos nematoides, em que temos observado crescente evolução no seu controle, podendo ver, nesses últimos anos, incremento no uso de nematicidas biológicos no plantio da cana-de-açúcar.
O setor já conta com nematicidas químicos para o controle dessa praga, mas as grandes empresas também já possuem nematicidas biológicos em seu portfólio com uso crescente no plantio e nas soqueiras, além da pesquisa incansável nesse tipo de controle, pois esses agentes biológicos, além do controle dos nematoides fitoparasitas, também têm outras ações na fisiologia e na nutrição das plantas.
Em clara época de recuperação da produtividade, de preços muito bons no açúcar e da volta à normalidade nos impostos nos combustíveis, ter produtividade é essencial! Aplicar tecnologias que reduzem a emissão de carbono e perder em ação de pragas e doenças não faz sentido!
A Safra 23/24, no Centro-Sul, deverá enfrentar, ao que tudo indica, um El Niño no segundo semestre de 2023. Estar preparado para isso será, também, essencial.
É tempo de combater as perdas causadas por esses inimigos da produtividade agroindustrial. Afinal, a broca também reduz a qualidade das canas, casada com suas doenças “parceiras”.
Recuperar os canaviais nos níveis mais altos que mostramos no passado próximo vem sendo o foco do setor e é essencial como prioridade. Não há tempo a perder!