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Folhas e Falhas

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“Quando as coisas ficam ruins,

   é sinal de que as coisas boas

                     estão por perto...”

                           Cora Coralina

“Chove chuva, chove sem parar”... a não ser em Mato Grosso do Sul e no Paraná, apesar que voltou a chover em fevereiro/22... Finalmente não se fala em seca, mas com as exceções infelizes citadas. Uma clara característica da safra 2022/23 que se prepara para entrar em cena em 01/04/22, é nitidamente o atraso no desenvolvimento dos canaviais. A seca de 2021 e as chuvas da primavera e verão mostram um canavial com muitas folhas verdes, mas poucos colmos, além de muitas falhas nas socas. Esse atraso no desenvolvimento é geral no Centro-Sul e revela uma primeira mensagem dessa safra, a ser conferida, que deverá começar mais tarde: talvez 20 a 30 dias, em média. O que isso significa, com base na história das safras vividas?

Se as perspectivas fossem de um canavial pesado, ou seja, uma projeção de safra de 600 milhões de toneladas de cana, as preocupações estariam no terço final da safra, pois certamente se teria muita cana a ser colhida nesse período... e vem o medão de ficar cana em pé!!!

Mesmo não se tendo clareza no que seria um La Niña fraco até outubro/22, a história nos mostra o que pode ser uma primavera chuvosa. No caso da safra 2022/23 em formação, não é absolutamente a realidade de um canavial pesado e não se sabe o que virá em termos do clima. O que se tem hoje é um canavial verde e que precisa de ajuda de chuvas e de calor para crescer ainda em fevereiro e março, com uma ajuda “de classe” do início do outono e sem dúvida, um suporte para sua melhor maturação. Espera-se que menores temperaturas façam seu trabalho natural nisso, mas, sem dúvida, uma ajuda com o uso de maturadores será importante na safra 2022/23. Afinal, um petróleo a talvez US$ 80 - 85/barril como média da safra e o Brasil fazendo “cair a ficha” de uma safra pequena por aqui para um mundo que requer oferta maior e que antes disso já via déficit global, induz os preços para cima. Como os custos levarão um tempo a cair e os produtores deverão realizar um plantio maior e mais caro, é preciso equilibrar o jogo com melhor qualidade por hectare colhido!

Voltando à safra com início mais tardio, deve-se ter um cenário com acelerada moagem, mas, sempre, o receio de interrupções de chuvas, independentemente da chegada da primavera... Essa é outra variável! São muitas possibilidades, ainda, como toda safra proporciona, valendo salientar o interesse comum da busca pela melhor qualidade pois a produtividade agrícola será baixa, apenas levemente melhor que o desastre das 67 toneladas de cana por hectare da safra 2021/22. Uma safra acelerada pressupõe perdas de potencial qualidade das canas; chuvas em junho ou julho melhoram muito a produtividade agrícola do terço final da safra; uma primavera chuvosa levaria à queda acelerada no terceiro terço da safra 2022/23. Como preparar-se para isso?

O canavial está mais curto, com mais palmito e mais folhas, ou seja, menor quantidade de tecidos “armazenando” sacarose e maior quantidade de tecidos “verdes” com outros problemas à eficiência industrial.

Investimentos em nutrição, adicionais, muita gente fez! Março úmido? Abril normal? Pressupondo normais, haveria espaço para a escolha de canas mais jovens que possam receber maturadores como um seguro contra perdas de qualidade. O mesmo se diz em relação à primavera!

Os preços do açúcar seguem na faixa entre US$ 18-19 c/lb (nº 11) e suportados pelo petróleo acima de US$ 90/barril (Brent) que puxa o etanol para um início de safra, em ótimo patamar fazendo com que possa estar no nível de R$ 4,00/litro (bruto) ao produtor. Os preços serão melhores na safra 2022/23 a não ser que algo muito diferente aconteça!

Há, portanto, indicações de preços entre os produtos, mais próximos, e maior liquidez ao etanol hidratado, desde o início da safra, assim como potencial prêmio de 3 dígitos ao CBIO. São indicações muito favoráveis, inspiradoras, iluminando um caminho com melhores condições rumo à safra 2023/24.

É preciso olhar o copo meio cheio, não meio vazio. As coisas boas estão por perto...