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Chove, chuva!

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Luiz Carlos Corrêa Carvalho

                                           "Se chove, tenho saudades do sol,

se faz calor, tenho saudades da chuva."

José Lins do Rego

A Safra 2023/24 mostra pouco a pouco seus redutores de produtividade agroindustrial, seus detratores de mercado, seus políticos ou suas políticas negativas no dia a dia, com notícias que amedrontam o já pressionado produtor canavieiro. De um lado, o Sphenophorus comendo raízes da cana, de outro as doenças que se instalam oportunisticamente ou pelas condições climáticas diferentes.

Em ano de muita chuva, entre o frio e o sol inibido no inverno, as flores espalham pêndulos entre o branco e o azul, nos canaviais do Centro-Sul brasileiro. No temor da reação da planta, criada para se perpetuar, as gemas laterais estufadas nos nós dos colmos estão preparadas para lançar novas canas, sugando o açúcar já preparado. É o processo da vida que não se preocupa com a lógica econômica!

Imagem decorativa

Cabe ao produtor, nesse período esperado das chuvas com El Niño caracterizado, buscar as tecnologias que podem lhe ajudar. Não perder produtividade é essencial, na unidade produtiva que atrai fungos, bactérias, doenças oportunistas e pragas procurando as suas chances.

Um ano pintado com um 2º semestre de chuvas antecipadas merece atenção redobrada. Não se trata apenas de canas bisadas potenciais, mas, principalmente, que não se deverá ter queda acentuada entre o 2º e o 3º terços da Safra 2023/24.

O que é fundamental ao produtor? O que ainda vale fazer, na defesa de sua lavoura? A essa altura da safra, é fundamental que o produtor esteja aberto a toda e qualquer possibilidade de ganho, mesmo que a safra já esteja adiantada. Não se pode acreditar que o manejo agronômico seja feito por calendário e não pelas condições ambientais vigentes em um ano agrícola em específico.

A Safra 2023/24 tem muitas possibilidades e o maior desenvolvimento e produtividade dos canaviais não pode ser utilizado como desculpa para perder a possibilidade de ganhos ainda maiores. Nesse sentido, manter a sanidade no longo prazo e, principalmente, garantir que a qualidade da matéria-prima se mantenha pelo maior tempo possível em patamares elevados é fundamental. Ainda mais em um ano em que o preço do açúcar bate recorde: não há recuperação de açúcar de qualidade sem matéria-prima adequada.

Assim sendo, é fundamental o uso prolongado dos maturadores para obtenção de melhores teores de pureza do caldo, consolidando os resultados já produzidos pelo uso de fertilizantes, inseticidas, fungicidas, herbicidas e inibidores de florescimento. É fundamental que o produtor esteja aberto a oportunidades que o ano tem propiciado e que podem fazer a diferença no resultado da safra.

Além disso, é preciso estar atento à próxima safra. 2023/24 é apenas mais uma safra e estar preparado para as demais é fundamental. As chuvas recorrentes trazem oportunidades de ganhos em desenvolvimento, é verdade, mas também propiciam o aparecimento antecipado de pragas (tais como broca e cigarrinha, por exemplo), plantas daninhas e doenças. Diante disso, é fundamental que o produtor se mantenha ativo na safra corrente, mas não esqueça da próxima: esse é o momento de consolidar o trabalho passado e otimizar o trabalho futuro. E aqueles que melhor conseguirem lidar com tais informações antagônicas serão os que aproveitarão um provável período de primavera e verão de muitas chuvas no Centro-Sul brasileiro, com a chegada do El Niño.