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Capricho: caminho à recuperação da produtividade dos canaviais

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Luiz Carlos Corrêa Carvalho

                                              “Faça o seu melhor, na condição que você tem, enquanto você não tem condições melhores, para fazer melhor ainda!”

Mario Sergio Cortella

A produtividade final da cana de açúcar mostrou perda de 2 toneladas de açúcares totais por hectare nos últimos 10 anos e a oferta de canas estancou. Claro que nos últimos 3 anos seguidos houve seca, com momentos graves de geadas e incêndios, gerando importante e elevado grau de falhas nas linhas de cana. Também políticas públicas desestimulantes, com distorcidas medidas. Mesmo assim, as perdas têm outros sintomas fundamentais a serem observados!

Quais seriam?

  • Os nossos canaviais, em sua maioria vem sendo implantados, na linguagem rural, com mudas de “PAIOL”, ou seja, sem sanidade. Muda que é só “cana”, ou seja, sem o fundamental processo de limpeza, ou roguing, sem origem e com mistura varietal! O importante é cumprir o planejamento, satisfazendo o cronograma estipulado, mas sem os detalhes requeridos. O conceito de “MUDA SADIA”, ou seja, livre de doenças e sem mistura varietal, ficou sendo um tema guardado nas estantes.  Assim, a área plantada evoluiu, mas a produtividade caiu, ficando na casa das 70 a 75 t/ha (esteve em 85 t/ha).
  • Para os grãos tem-se uma outra realidade, com o uso de sementes selecionadas! Vejam para onde foi a produtividade de milho: o Brasil passou a ser o terceiro produtor mundial de milho com estimativa média de produtividade de 5.443 kg/ha, ganhando 198% de produtividade entre 1990 e 2018!  A da soja cresceu 90% (1.740 kg/ha em 1.990 para 3.330 kg/ha em 2018).

 

Do que precisamos?

1-      Além de mudas sadias, as variedades precisam estar adaptadas ao ambiente de produção das unidades produtoras em cada tipo de solo e de acordo com a época de corte (a frente de corte também determina a variedade a ser plantada).

2-      Preparo de solo adequado, com correção da acidez e uso de rotação de cultura, pois se enriquecerá com vida os solos, além do uso de adubação orgânica que se associa à adubação verde (Brachiaria, crotalária, soja, amendoim...) sendo um manejo imprescindível atualmente nos solos tropicais.

3-      É momento de se aplicar novas tecnologias como a nutrição foliar, reguladores de crescimento, extratos de algas, bio-estimulantes, pesticidas biológicos e outros produtos que somente serão eficientes ao se utilizar mudas sadias e um bom preparo de solo, pois o solo se constitui no “BERÇO” da cultura da cana para um longo período entre o plantio e a reforma desse canavial.

4-      Escolhida a variedade adequada, em nova biodinâmica do solo, é fundamental controlar as ervas daninhas no momento correto, com o herbicida recomendado, de acordo com o “Banco de Sementes” do local.

5-      Outro fator para boa produtividade dos plantios é a “irrigação de salvamento”. Trabalhos experimentais do IAC revelaram que uma redução de 100mm na precipitação de um ciclo do canavial, pode reduzir de 7 a 10 t/ha!

6-     Adoção correta do sistema “MEIOSI” de plantio, com mudas pré-brotadas -MPB, certificadas, onde na ponta do lápis pode-se se reduzir atualmente cerca de R$ 4.000,00/ha no sistema de plantio em relação ao processo mais utilizado.

Este sistema de plantio confere ao produtor a possibilidade de mudar seu plantel varietal de uma forma planejada, com maior possibilidade desse canavial expressar seu potencial produtivo, trabalhando esses conceitos.

Com a chegada da primavera, este ano chuvosa, é tempo de reagir e de recuperar. Técnicas são fundamentais, assim como o capricho como base das operações! Para isso, a transferência de conhecimento, via treinamento do produtor, é chave à pretendida solução, para que os canaviais tenham o mesmo efeito poupa-terra* que se vê nas culturas de grãos.

* efeito poupa-terra: advindo de ganhos de produtividade na integração lavoura-pecuária, em particular na fase de pecuária, é tido como fator-chave para permitir a expansão da produção de alimentos e de biocombustíveis no País com mínima pressão sobre a vegetação nativa.