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Nas águas da primavera: tudo sobre a produção de cana em um novembro chuvoso

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Luiz Carlos Corrêa Carvalho

                                              “O otimista é um tolo. O pessimista, é um chato.

Bom mesmo é ser realista esperançoso.”

Ariano Suassuna

Vivendo a reta final da safra 22/23 no Centro-Sul, ainda há surpresas ocorrendo. Não se via, há muitos anos, uma primavera chuvosa, com baixas temperaturas em novembro! A cana vai se hidratando, ganhando peso... mas por outro lado, perdendo qualidade e produzindo menos açúcares por tonelada de cana processada. Teremos uma safra potencialmente menor que a 22/21 em 31/12/2022? E no mês de março/23 se “roubará” muita cana da safra 23/24?

A síntese do foco empresarial tem sido investir em tecnologia, reduzir dívida e refletir sobre o que fazer diferente para ter respostas diversas das que se tem visto. Isso, pela análise dos agentes financeiros, aconteceu de fato!

O olhar empresarial no agronegócio canavieiro mira o resultado, se assenta sobre o que viveu, anseia estar correto nas perspectivas e decide sobre riscos! Essa decisão está com foco no caixa, na luta por ganhos de produtividade e qualidade da cana-de-açúcar, produtos e subprodutos e sabendo que o condão da recuperação de um ciclo difícil por 2 anos é o investimento em tecnologia.

 

Assim foi na safra 22/23, sob os riscos da herança ruim da 21/22 (seca/geadas/incêndios) mas com esperanças, fundamentadas em bons preços. Mas não contávamos com o ano eleitoral, a canetada reduzindo impostos da gasolina e do etanol e a queda sensível dos preços. Sob slogan da volta do “velho” o gosto amargo da frustração é parte do que acontece agora.

Mas os preços do etanol reiniciam recuperação e os do açúcar seguem bons. Ventos chuvosos de um lado e esperanças aquecidas de outro lado. Não se trata de otimismo, mas de fatos que mostram isso e que, no pós-eleição, se transforma em esperança. Afinal, a esperança não murcha, não “isoporiza”, nem perde qualidade. A esperança por janeiro/23, quando os impostos deveriam por lei voltar a valorizar o etanol e trazer de volta sua competitividade com a gasolina, é um sonho que vivemos acordados.

Vamos moer 539 milhões de toneladas de cana na safra 22/23, mais que na safra 21/22 e ofertando menos açúcar e etanol, mas com relativa boa qualidade das canas e equilíbrio na oferta global e no país. As chuvas e os investimentos nos animam para a safra 23/24, com um mês de março com boa moagem e as esperanças por um governo equilibrado são o tom de verde esperado.

Nosso olhar está animado com o canavial bonito em preparo para a safra 23/24, esperando o verão que completará a obra do inverno e da primavera. Temos os boletos das falhas ainda para pagar, mas as esperanças nos consolam.

Com águas da primavera nos solos e no coração bom mesmo é ser realista e esperançoso.