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Quando janeiro vier os impostos voltarão

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Luiz Carlos Corrêa Carvalho

                                                 “Feche os olhos e finja que é só

                                        um sonho ruim. É assim que eu faço.”

                                                                              Jack Sparrow

Com a inflação voltando para o andar de cima e os juros altos virando âncoras o mundo ficou bem pior! Com a pandemia arrebentando a logística global, seguida de guerra entre países importantes para energia e alimentos, surge novamente a saga da liberdade contra a mão intervencionista do Estado. Os países querem controlar preços de combustíveis e a criatividade para fazê-lo é limitada... Aqui, no Centro-Sul brasileiro, em plena safra canavieira!

Uma safra menor, com custos elevados, espera preços salvadores. Essa é a lógica em um contexto normal. O modelo brasileiro (Executivo e Legislativo juntos) escolhido para o controle dos preços da gasolina, etanol e outros combustíveis foi o de zerar os impostos federais incidentes – PIS/COFINS e CIDE (gasolina) – e em estabelecer um teto (17%) para a cobrança do ICMS, pelos Estados, nesses produtos. Os impactos maiores foram na gasolina (PLP 18/22) e os menores no etanol hidratado, o que o fez perder competitividade frente à gasolina; os Estados serão reembolsados com a perda e o etanol terá mantido o diferencial de ICMS com a gasolina, o que faz recuperar um bom pedaço. Isso está estabelecido na nova lei (PLP 18/22) e em PECs (projetos de emendas à Constituição) para até o final de dezembro/22, com o relevante fato que a relação entre etanol e gasolina via impostos ganha 20 anos!

Afinal, não há “mal que sempre perdure”. Quando janeiro de 2023 chegar, tudo voltaria ao normal, segundo a política pública implantada.

Como diria o otimista, “não era o que eu queria, mas talvez fosse o que eu precisava”. O receio disso fica na frase de Drummond, “que eterno é tudo aquilo que dura uma fração de segundos, mas com tamanha intensidade que se petrifica e nenhuma força consegue destruir”.

A safra canavieira 2022/23, como dito, pequena no Centro-Sul brasileiro, segue pobre em produtividade agroindustrial mas boa em preços. Será que essa nova política mudará os preços?

O que é preciso, sempre, é ter constantes ganhos de produtividade, ter competitividade! Sem isso não se ultrapassam momentos ou conjunturas adversas.

O que teremos na safra 2022/23? Como será?

Em primeiro lugar, os preços do açúcar se mantêm em bom nível (US$ 18 – 20 c/lb) com o câmbio ajudando; os CBIOs ainda mostram preços de 3 dígitos valorizando o etanol; o balanço global de oferta e demanda é equilibrado... ou seja, os preços serão compensadores. Os custos? É outro capítulo e são elevados. Margens? Terão claramente melhores aos que seguem a cartilha dos investimentos em tecnologia. Em segundo lugar, outra safra pequena em oferta de cana, com produtividade no nível da safra anterior e pior qualidade de cana.

Mas janeiro/23 virá! Com novos governos e novas esperanças! Ao produtor cabe ter os olhos no canavial e as oportunidades da descarbonização.